Criada no Seridó do Rio Grande do Norte em 2017, por Marcus e sua irmã, Larissa Figueirêdo, a DEPEDRO faz uma moda artesanal que gera impacto social e renda no sertão. Marcus Figueirêdo, diretor criativo da marca, ganhou destaque na moda nacional por entender que o tempo é a palavra-chave para uma nova moda mais humana, consciente e autoral. Para esse SPFW, ele trás a coleção intitulada de “Tempo” trazendo para a passarela o passado em técnicas de trabalho manual ancestrais como bordados, rendas e crochê, como o futuro com questionamentos sobre a sustentabilidade.
Maior escala
A primeira palavra do designer em conversa para a Bazaar foi que esse era o maior desfile que já havia feito, com 74 looks masculinos em todas as formas de crochê possíveis invadiram o espaço do desfile. Suas criações, feitas exclusivamente de matéria-prima sustentável, buscam inspiração no regionalismo, com uma homenagem às técnicas manuais.
O fazer manual
A marca é reconhecida por ser uma grande especialista quando o diálogo encontra técnicas e bordados tradicionais do sertão, foram apresentados na passarela através de 45 peças feitas com renda richelieu, renascença, bilro, crochê e patchwork, numa grande homenagem às manualidades ancestrais do Seridó. Algumas das peças da coleção chegaram a demorar meses para serem produzidas, resgatando técnicas artesanais tradicionais.
A sunga moderna
Quando Fernando Gabeira voltou ao Brasil depois de seu exílio, a primeira coisa que fez quando desembarcou no Rio De Janeiro em 1979, emprestou uma tanga arroxeada de sua prima Leda Nagle e foi à praia de Ipanema.A tanga simbolizou uma nova forma de fazer política na época, falava sobre a luta pela liberdades sexuais e a política do corpo. Mesmo escandalizando na praia carioca no final da década de 70, a sunga de crochê ficou na memória.
Tanto que, a palavra-chave na coleção de DePedro pode ser o tempo, mas a sunga é o grande protagonista da coleção. Em diferentes cores e formas de estilizar, ela apareceu em uma grande maioria dos visuais em passarela.
Da praia à cidade
Não só de sunga de crochê e aura praiana vive o homem DEPEDRO, ele também esporadicamente vai à cidade e não perde o seu tato entre o estilo artesanal e a vida moderna. Como o suéter de crochê feito entre laços acetinados em verde vibrante, ou conjuntos de camisa e calça em texturas como linho e seda. A junção da qualidade da marca com a vida cosmopolita.
Sustentabilidade
Entre toda conversa sobre o passado exaltando o manual que é repassado por gerações e o cuidado com as peças que demandam um maior tempo e cuidado para produção. Também há espaço para se pensar no futuro, em como a moda pode se tornar mais sustentável em pequenos passos, encontrando soluções sustentáveis para preservar o futuro.
A marca usou algodão orgânico naturalmente colorido da Paraíba, as demais peças, sempre de algodão orgânico, foram tingidas através da biopintura executada pelo povo Tapuia Tarairiú, da região Litorânea do Rio Grande do Norte.